terça-feira, 16 de setembro de 2014

Vergonha alheia

Sei que sou chata pra caramba, com relação ao que vejo escrito por aí. Mil desculpas a quem já passou por uma situação embaraçosa por minha causa... é que, diferente do que vejo no Facebook, por exemplo, onde as pessoas reclamam da transcrição da fala para o papel, uma questão mais de preconceito que de erro, vejo pessoas de dois tipos: as "metidas" a escritoras, que querem escrever difícil sem saber, e as que precisam saber escrever de forma apropriada a situação, como professores e profissionais da educação em geral. A minha história, ou melhor, meu drama, é com o último grupo. Tenho um filho, e eu não me lembro de ele estar em uma escola (a não ser no jardinzinho, que meio que não conta pra isso) em que os profissionais envolvidos na educação dele não escrevessem sem um mínimo de respeito pela ortografia. Cheguei, uma época, a fazer uma lista com os textos dos bilhetinhos enviados pela professora. Agora, na terceira escola em que coloquei meu pobre filho nômade acadêmico, quase chorei de indignação quando, ao chegar no balcão da secretaria para pegar as provas dele, me deparo com uma pasta não sei de quê, com uma etiqueta ENORME onde se lia: "LEVA E TRÁS". Entendo que tem palavras que, por terem o mesmo som, podem ser confundidas e a falta de hábitos de leitura (algo também condenável a educadores, na minha opinião, mas enfim) só piora isso. Mas em uma secretaria com quatro pessoas trabalhando direto, ninguém notar o erro ou pelo menos se questionar, simplesmente é absurdo. Eu sei. "Bitchy". Mas não tem Marcos Bagno que salve. Pra mim não justifica.
Marradas irritadas

Mas que mulher chorona

Esses dias andei pensando na minha vida e o que venho fazendo dela. Sempre pensei e agi mais com base no que me satisfaz do que em prol dos outros. Tinha como meta não me preocupar com a opinião alheia. Sou autocrítica o suficiente. Mas me abalei um pouco por ter sido a única da minha equipe sem menção em um texto divulgando um projeto na escola onde trabalho. Será que não estou fazendo nada? Se até o vigia, a faxineira foram citados? Sem desmerecer a esses profissionais, que contribuem e muito para o cotidiano escolar, óbvio. Mas e eu, não? Sei que meu tom é excessivamente choramingas, mas nesse momento estou muito frustrada. Isso foi desrespeitoso, até mesmo ofensivo. Muitas das pessoas citadas nem estavam diretamente ligadas ao projeto. Percebi que na verdade, ao menos para essa pessoa que escreveu (uma das professoras), eu não represento nada ali. A bem da verdade, eu acabei ali por causa dos outros. Ir para aquela escola foi uma decisão tomada em prol de terceiros, não necessariamente algo que achei que fosse me satisfazer ou me fazer ser lembrada. Queria fazer a diferença, ajudar a mudar algo que era necessário, mas que na verdade não posso. Não sozinha. Não sendo deliberadamente ignorada.
Curiosamente, essa percepção das coisas foi ótima, porque me fez rever aquilo lá do início. Tenho tido a constante sensação de que não estou mais no controle das minhas próprias atitudes. Me sinto um fantoche. As coisas estão acontecendo ao meu redor e comigo, e eu não mais as controlo. Isso é especialmente frustrante para mim. Ironicamente, no curso de formação que estou fazendo, vimos um vídeo que foi outro soco no estômago pra mim, e traduziu o que eu já tinha confessado para meu marido e falei lá em cima. Estou fazendo exatamente aquilo contra o qual lutei: estou presa e engessada em uma posição que me frustra, me cansa e não me deixa evoluir como queria. Meus projetos pessoais estão engavetados, esperando algo que talvez nunca aconteça: melhoria nas condições desse trabalho. Ou seja, ou eu mudo ou me conformo.
Se eu bem me conheço, vou acabar fazendo uma merda bem grande. E vou ficar bem. Sou especialista em me consertar com pregos tortos.
Marradas desgarradas ;-)