quinta-feira, 21 de março de 2013

Atacada


Uma dica, meio óbvia: quando comprar livros em sebos virtuais, verificar sempre seu pedido antes de confirmar. Acabei de receber um livro que pedi. A coleção correta (Para gostar de ler – Editora Ática), o volume errado. Chato. Esse volume eu até nem li,mas queria o outro, que já tinha lido, só por causa de um conto. Era “Teleco, o coelhinho”, de Murilo Rubião. “Ah, que bonitinho, pensou em passar pros seus alunos na Páscoa?”. Ack. Que nada. Gosto desse conto. O surreal não espanta nele. O que surpreende é a humanidade. Amo essa desconstrução da normalidade que Murilo Rubião promove nesse conto.
Aí justo nessa semana tipo “inferno astral”, onde deito fogo pelas ventas (além do meu normal, é claro, hehe), resolvem me provocar. Mas não satisfeitos, os provocadores querem que eu participe da “festa”. Desnecessário, né? Dá pra explicar: Depois de ignorarem completamente meu trabalho, subestimando a importância da “Língua Estrangeira Moderna” para o momento no país, com a Copa, as Olimpiadas e blablablá (hate that stuff), ainda inventam uma bosta de projeto comédia, que só podia ter saído da cabeça de uma Pedagoga (Desculpe gente, que vocês foram pra Faculdade que nem eu, mas né...? ) que a princípio seria uma ótima oportunidade de entrelaçar todas as disciplinas, mas que, além de anular completamente cada uma delas, o faz em detrimento do conteúdo principal! Afinal, que maluquice é essa de falar sobre a natureza, e dividir as turmas e professores orientadores por “elementos da natureza” (sic), a saber: fogo, terra, água e ar. Peraí: fogo? Como assim? E quer que eu fale sobre o “fogo que destrói” ou o “fogo que constrói”? Eu, nem um pouco sutil, tive que perguntar: “Aham, e o que tem isso a ver com minha matéria?” ao que a 'Pedabesta' responde: “Não precisa ter NADA a ver com sua disciplina! Os professores vão pensar em uma tarefa em conjunto pros alunos apresentarem no estande!”. Com um sorriso de meio metro na cara. É claro, pra ela é lindo, é fácil dizer. Professora polivalente. “I'm sorry”, tenho imenso respeito por cada uma das minhas professoras primárias, lembro de todas com carinho, aprendi a ler com elas e só por isso já as reverencio, mas é isso aí. Esse é o papel delas. Não inventar papagaiada pra dar nota pra aluno. Ah, e nem me fale disso, que já foi outra que tive que engolir. Nota pra SAERJinho e DOIS pontos pra esse projeto que não tem nada a ver com a porcaria da minha matéria!!!! Faça-me o favor: Parem essa 'joça' que eu quero descer.
O mais engraçado: não atingimos as tais metas ano passado por causa do turno mais engajado pedagogicamente da escola (matutino). Nossa meta de aprovação (turno da tarde) foi cumprida com folga, o da manhã não, resultado que nos deixou a UM ponto de receber o bônus maravilhoso de Seu Cabralzito, hehe. Tenho orgulho (!!!) de dizer que tanto o índice horroroso de 2011 quanto o índice um tanto melhor de 2012 se devem (boa parte deles) a mim, junto com Ciências e Matemática. E me orgulho principalmente porque não mascarei UMA nota sequer. Simplesmente aprendi a língua deles, e eles em troca tentaram aprender a minha. Se funciona pra todo mundo não sei. Só sei que comigo funcionou, e vou continuar fazendo isso. Mas esse ano fiquei mais satisfeita ainda de não ter ganho os salários extra. Hehe.

Marradas ácidas (agora sim)

quarta-feira, 20 de março de 2013

Pano pra manga

Meu início de ano letivo estava promissor. Até a página três, como diria um amigo meu. Ainda não tinha encontrado meus colegas até essa semana, quando me dei conta de que esse ano vou ter mais trabalho com meus "gaffers/overseers" do que com meus clientes... E já estou estressadíssima com isso. Na verdade, até escrevi um post imenso pra colocar aqui, mas vou esperar até sexta, pra ver se eu "amacio" um pouco a redação, que está "tough", visceral ao extremo e em alguns pontos, "ariana" demais. Por ora, vamos relembrar uma época, digamos, mais inocente do meu "métier" (um ano de Estado, mais ou menos...), onde eu falo sobre a polêmica do garoto que jogou o estojo na professora (na novela isso dá Ibope, na real é só conversa de sala de professores...):
"O Zeca não agrada às professoras medíocres não, tá? Ele no máximo é um estereótipo, uma hipérbole, criado para chocar e induzir a pessoas medíocres, que não entendem o quão difícil é o trabalho do Pedagogo, a pensar. Pois se em uma escola estadual só tivesse professor incompetente, então nas universidades só temos alunos incompetentes, porque o processo de seleção é basicamente o mesmo: concurso. E se vocês querem saber, é uma merda passar naquele troço. Eu que passei nos dois (vestibular para universidade federal e dois concursos do magistério estadual), sei o quanto é difícil. E na escola onde eu trabalho ninguém pega aluno pra cristo não. Nos conselhos de classe todos identificamos, por unanimidade, os alunos que têm mais dificuldade, seja disciplinar ou pedagógica. E todos sabemos que a culpa não é do aluno, mas do ambiente em que ele vive (família, amigos, comunidade...). Nós tentamos, com os parcos recursos que nos são disponibilizados (e muitas vezes com nossos próprios minguados salários), minimizar essas dificuldades. O principal entrave a isso está sendo justamente quem? Os pais, digníssimos pais, que tomam a parte pelo todo, que chegam na escola no dia em que uma professora faltou por motivo de doença do filho e sai "esculachando" todos os professores, dizendo na cara da diretora que nós merecemos a miséria que recebemos, pois não gostamos de trabalhar!! Existem sim professores que, já desiludidos pelos anos de "esculacho" com a classe e desencantados com a perspectiva de nadar e morrer na praia, partidários do "uma andorinha só não faz verão", que literalmente "cagam" pro serviço que prestam, e já sem o "tesão" pela profissão dão aulas completamente burocráticas. Mas, mesmo que estes não sejam minoria, estão se aposentando, e aos poucos o Ensino Público vai se renovando. O processo de deterioração do ensino foi longo, mais de 30 anos nós estamos nesse lodaçal. E os pais também foram se entregando, se anestesiando e se acostumando a pôr a culpa de tudo no Governo. Por extensão, colocam a responsabilidade pela "educação" dos filhos nos professores. Aqui é todo mundo bastante inteligente pra saber que educação é uma coisa e "Educação" (com inicial maiúscula) é outra, esta claro sendo nossa responsabilidade. Tenho plena confiança no meu "taco", sem me gabar, sei que sou competente, pois aprendi em uma ótima instituição acadêmica e tive ótimas experiências. Continuo tendo. Tenho plena consciência de que a cada dia estou aprendendo ao ensinar e a ensinar. Não sou perfeita, mas tento fazer o meu melhor e busco diariamente formas novas de abordar meus alunos. Não é papo furado, é a mais pura expressão da verdade. Amo ensinar, tenho 12 anos de profissão e sei que posso não ser a melhor, nem a mais querida das professoras, mas tenho certeza de que sou uma das mais esforçadas, e tenho mais certeza ainda de que não mereço ESTOJADA na cara. Até porque, antes de mais nada, sou gente." (Publicado em 01/03/2009 - Nuts)

Aqui, pra entender e pegar o fio da meada)

Marradas com açúcar e com afeto, que daqui a pouco venho com chumbo grosso