quarta-feira, 4 de julho de 2012

Média, pão e manteiga

Ia falar sobre a questão das avaliações e médias, mas acabei me perdendo. Mas agora, em plena época de avaliações e sem absolutamente mais nada para fazer (até parece), resolvi que seria um bom momento para se falar disso. E seria ótimo se a clientela do Teacher Aline passasse por aqui. Mas a não ser que eu passe como tarefa para casa, valendo ponto, acho pouco provável. Mesmo que seja algo que desperte curiosidade e eles acabem gostando, como o último trabalho que fiz com eles.
Mas de volta às médias: elas existem, assim como todo o conceito de avaliação quantitativa, pra FERRAR com o professor. É sim! Até o mais pragmático dos professores de Ciências Exatas irá concordar comigo. E os motivos são infinitos, e não quero discuti-los nesse momento. Quero apenas oferecer uma reflexão no conceito de MÉDIA. O que é uma média? Matematicamente falando, todo mundo (com exceção talvez de uma parcela do corpo discente da maioria das escolas públicas do Estado do RJ) sabe o que é e como se faz uma média. Mas eu falo em termos de desempenho. Imagina você, no estado a média é (pasmem) 5,0. Isto quer dizer que, num sistema decimal de avaliação, eles levaram a coisa ao pé da letra e te dizem que se você sabe 50% do conteúdo ensinado, você pode ser promovido. OK.
Alguns pontos que questiono: Primeiro, nunca, em nenhuma escola ou com nenhum professor ou metodologia especial, um aluno nota 10 aprendeu 100%. Um aluno excelente absorve no máximo 10% do que o professor ensina em sala, e o restante ele vai digerindo, se aprofundando (caso queira), e esse conhecimento vai sendo incorporado ao que foi ensinado. Portanto, como é que eu posso dizer que aquele meu aluno sabe pelo menos metade do que eu sei que passei pra ele? Impossível mensurar, concorda? O que ele sabe quase nunca está diretamente ou proporcionalmente ligado ao que eu ensinei, ou ao que vou cobrar em uma avaliação. Isso induz ao erro. Algum professor aqui cursou Estatística na sua Licenciatura? Fora os de Matemática ou Ciências Biológicas, acho que ninguém aqui é obrigado a saber calcular desvio padrão. A nossa avaliação corriqueira iria para o lixo acadêmico, pois não tem validade como método científico.
Outra coisa: Quem disse que Média é um fator que sucesso? Vocês e meus alunos que me desculpem (sempre falo isso com eles), mas comigo média tem que ser mais do que metade do máximo. A média para mim tem que ser a metade de mais metade. Diria sete e meio, ou até sete, para arredondar. Explico:  (1 / 2) + ((1 / 2) * (1 / 2)) = 0,75. A metade pra mim é o mínimo que o aluno deveria saber, mas não o torna apto a se promover a um nível em tese mais difícil. Estatísticas (that bitch, again) mostram, e nossa experiência confirma, que alunos que passaram "raspando", no ano seguinte ficam em recuperação, quando não reprovam naquela matéria. 
Isso explica porque não considero a média uma coisa justa. Meus alunos já sabem, quem fica com cinco na minha matéria está em recuperação paralela. Só libero de seis e meio para cima. Eu expliquei para eles o seguinte: imagina que você tem que pegar um ônibus, e está com o dinheiro contadinho para pagar a passagem. Lá vai você, cheio de moedinhas e de repente, bum! você tropeça e suas moedinhas voam pelo ar. Você até pode conseguir catar tudo, mas e se faltar uma moedinha? O motorista obviamente não deixa você entrar. Uso a mesma lógica quando eles ficam amarrando para fazer trabalho, dizendo que não precisam pois já estão na média. Ou, pior ainda, ficam contando com a nota da prova para passar (o valor padrão das provas no diário do Estado é 5,0. Assim é mole, né?). Mas como aprendi nos tempos de curso de Inglês, "cheat the system", minhas provas valem 3,0. Assim, todo mundo sabe que para estar pelo menos na média oficial (já que comigo o cidadão já está de molho) precisa passar por mais uma avaliação, no mínimo.
Não sou muito exigente. Muito pelo contrário, os outros é que estão moles demais, rsrs.
Marradas científicas. Mas com molho "barbecue", que esse post ficou sem graça e chato pra dedéu.